The Lizard-King
Pela ouvidela rápida dificilmente escapará à lista de melhores do ano. Mas como isso importa tanto como lixo, melhor será dizer que, pela escutadela fugidia, este será álbum para voltar a colocar Oldham (aqui vestindo a fatiota Prince Billy) lá bem no alto, onde poucos chegaram e onde muito menos se mantêm. Desde logo uma alegre notícia para aqueles que acreditam que os álbuns ao vivo deveriam ser uma reeinvenção do material de estúdio: este é-o completamente. Depois, talvez melhor ainda, imagine-se o reportório de Oldham, proveniente das suas diversas encarnações - Palace, com ou sem Brothers, Oldham ou Prince Billy - esmagado por um poderoso rolo compressor que o deixa como se acabadinho de ver a luz do dia há cerca de 30 anos, que o mesmo é dizer, confere-lhe uma roupagem de rock setentista com tudo o que isso tem de bom, de muito bom e de excelente. Só que a coisa não se fica por aqui, pois o som dos Doors de LA Woman (ou outro qualquer dos melhores), dos Crazy Horse e Neil Young ou dos Velvet de Loaded é por sua vez mastigado pela trituradora de Oldham (várias guitarras, baixo, bateria, teclas e ainda coros femininos), que usa essa massa para revestir depois as canções de uma aridez cortante. Isso mesmo, esta música abrasiva corta como poucas hoje em dia. Se em Viva Last Blues os Palace já a tinham ensaido, aqui levam a experiência um passo mais adiante e saem-se muitíssimo bem, e o seu country-rock de agudas e serradas arestas não se ressente minimamente pela invocação de referências de cariz mais urbano, chamemos-lhe assim, para a sua paisagem sonora de seca extrema. Assim de repente... um disco que cospe directamente do turbilhão folk-rock da década de 70 um epíteto que Oldham pode, mais que ninguém hoje ou ontem, pendurar ao pescoço, dizendo: eu sou o rei-lagarto, eu posso fazer o que bem entender. Os últimos 10 anos têm-no provado.
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