Do amor e da cólera, hoje
Em Tiken Jah Fakoly temos a junção do amor e da cólera, elementos opostos mas constitutivos da existência da maioria de nós, em maior ou menor grau. A cólera não é aqui uma irritação caprichosa, mas a indignação face às injustiças cometidas em África.
Fakoly segue uma via própria de intervenção; composições para o corpo e o espírito, com mensagem ao ritmo do reggae e doutros géneros musicais. Envolveu-se e canta os dramas recentes de África, em particular os do seu povo, da Costa do Marfim, viu vários dos seus próximos serem assassinados pelo regime (em 2003), foi tb. perseguido e teve de se refugiar em Fr. e no Mali. É um dos exilados da «globalização», a outra face da moeda, incómoda e amiúde ignorada, ocultada.
A sua qualidade foi rapidamente reconhecida: figura popular e porta-voz da juventude no seu país natal, requisitado pelos principais festivais europeus alternativos, e convidado por Youssou N'Dour para uma festa da ONU pela convivência no mundo. É tido por muitos como o novo Bob Marley (gravou no estúdio deste com 3 ex-Wailers), a sua energia e presença em palco são contagiantes, como se pôde constatar no concerto de sáb.º passado, em Lx. (integrado no África Festival).
Algumas das suas letras podem parecer cair no maniqueísmo, o mal todo condensado nos neocolonialistas, mas logo surgem outras denunciando a corrupção e os abusos de poder no seu país (vd. p. ex. «Mangercratie»). O que prevalece é a chamada de atenção (pela música) para as desigualdades sociais no mundo (participou tb. no álbum colectivo Drop the debt, pró- extinção da dívida aos países subdesenvolvidos); a defesa da coexistência pacífica, da tolerância religiosa, ele que é muçulmano (e rastafari) mas denuncia as divisões forçadas no seu país, entre Norte e Sul, cristãos e muçulmanos, etc.. Em suma, pela apologia da democracia, da união entre as pessoas, do amor.
1 Comments:
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