Zygmunt Bauman, o pensador da globalização individualizada
Excelente o post de ontem de João Paulo Sousa sobre a desagregação actual dos laços sociais, incutida por um medo social ideologicamente fabricado e independente dos contextos económicos objectivos particulares.
Tudo isto a propósito da tradução para português de Portugal (para o Brasil já fora traduzido há séculos, por Jorge Zahar Editor, vd. artigo analítico de Daniel Soczek aqui) dum dos últimos livros do sociólogo polaco Zygmunt Bauman (n.1925), um dos grandes pensadores actuais das vivências sociais sob a globalização e, em particular, das consequências das representações sobre a convivência urbana. O medo social como escapatória para o interelacionamento social, o individualismo como único refúgio, é uma das teses principais da sua obra seminal, Modernidade líquida, or. 2000, Polity Press (vd. aqui).
É um post pertinente, não só pela síntese divulgativa que faz mas, sobretudo, pelo sentido de oportunidade que almejou, ao remeter para as implicações sociais das opções políticas em matéria de Segurança social.
Vale a pena atentar nas ressonâncias plurais, mais do que proféticas, do pensamento de Bauman, como nesta passagem em que retoma Herbert Sebastian Agar (A time for greatness, 1942): "«a verdade que torna os homens livres é, na maioria dos casos, a verdade que os homens preferem não ouvir»" (Modernidade líquida, Rio, Zahar Ed., 2001, p. 26). Indo mais além, Bauman interroga-se sobre os benefícios da liberdade, revendo toda uma galeria de autores até chegar a Émile Durkheim e à sua "filosofia social compreensiva": "«O indivíduo se submete à sociedade e essa submissão é a condição de sua libertação. Para o homem a liberdade consiste em não estar sujeito às forças físicas cegas; ele chega a isso opondo-lhes a grande e inteligente força da sociedade, sob cuja proteção se abriga. Ao colocar-se sob as asas da sociedade, ele se torna, até certo ponto, dependente dela. Mas é uma dependência libertadora; não há nisso contradição»" (ibidem, p. 27).
Nb: para mais informações vd. perfil aqui.
4 Comments:
Olá amigos, bom eu estou lendo o livro do Bauman, Amor Líqüido, é o primeiro livro dele que leio e não o conheço muito, achei ele meio insatisfeito com o a vida, não se isso é normal em livros de sociólogos, pois agora que entrei em livros desta espécime. O cara reclama muito sobre as coisa e as bota no livro da forma mais dramática possível.
Olá Rodrigo, descordo de você em relação ao Baumam, acredito que ele tem uma visão bastante crítica da atualidade. Não acho que ele seja pessimista, pois o que ele prega é uma sociedade mais digna e mais justa, onde não haja desigualdade entre os povos
Fiquei muito feliz pelos dois post sobre Bauman. Concordo com Kátia sobre a visão crítica desse autor. Nesse momento leio "Modernidade e ambivalência", interessante para a minha dissertação, estou me divirtindo muito com esse texto "de sociólogos", ao mesmo tempo que estudo vejo a vida passando em cada argumento.
Bauman reflete em seus escritos a atualidade como ela relamente é. Seus livros falam de forma sagaz e inteligente de uma sociedade iglalitaria e de todos. Bauman é o maior pensador da comtemporaneidade e não me pareçe insastifeito com nada, só tem um visão critica dos fatos que a sociedade presencia na atualidade.
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