terça-feira, dezembro 12, 2006

Lisboa adiada

200 milhões de contos, repito, 200 milhões de contos (ou 954 milhões de euros) é a actual dívida da CML. Tudo devido ao atoleiro do túnel do Marquês de Pombal, que serve basicamente para atrair mais carros, para despero de todos, nada mais. Além da embrulhada do Parque Mayer, que podia ter sido resolvido doutro modo: bastava bom senso, auscultação de urbanistas e um pouco de estudo dos projectos anteriores.
Perante isto não há política consistente que resista, é simplesmente impossível. A estratégia é: loteamentos e mais loteamentos, mais hotéis, mais escritórios (mas sem ser para grandes empresas). Uma cidade cada vez mais assimétrica: classes alta e média alta dum lado, classes populares nos bairros sociais. Dados: 51% dos lisboetas não têm rendimento do trabalho, c.1/4 são idosos. Classe média dinâmica vive cada vez mais nos arredores e não há qualquer política para estancar a sua saída e/ou o seu retorno. Um novo estudo do INE confirma a sangria: descida para o patamar dos 400 mil residentes, e não aumento. O grave problema dos prédios devolutos persiste: são 120 mil na Grande Lisboa, a maioria na capital. A EPUL continua submersa em má gestão e não faz o papel de regulador do mercado, é tão-só mais um concorrente do imobiliário.
Insiste-se em obras megalómanas: além do pombalismo serôdio do Plano Baixa-Chiado (que implica a mega-circular das Colinas), a obstinação por um mega Arquivo Histórico e Biblioteca Central a edificar não faz sentido no actual contexto de grave crise. Relembre-se o essencial: o Arq.º Hist.º da CML é o 3.º maior do país mas está fechado há mais de 4 anos, repito, 4 anos! Com esta opção estará fechado por muitos mais. Faz sentido? Não; a CML tem inúmeros espaços que entretanto podiam ser reabilitados para tais funções, mesmo que a título temporário. Eléctricos rápidos? Chapéu, antes a mega-circular das Colinas, para esburacar o centro da cidade e trazer ainda mais carros e poluição sonora e ambiental.
O programa televisivo «Prós e contras» de ontem, sempre na vanguarda, inovou duplamente: na presidencialização da bancada de intervenientes, com Carmona Rodrigues qual César dum lado e a oposição do outro lado (será preciso relembrar que os executivos municipais são colegiais?); e no arranjo do “público”: era o povo dos assessores, uma maravilha popular, estamos sempre a aprender.
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