sábado, julho 29, 2006

Poema

Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada

alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar
António José Forte
(in Poemas de amor e abandono, Coimbra-Castelo Branco, Alma Azul, 2002, p. 55)

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gostei. Despertou para ler mais coisas escritas pelo autor

4:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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8:01 da manhã  

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