sexta-feira, dezembro 30, 2005

Prémios FUGA 2005

O Celso, o Renato e eu (no fundo cerca de 55% dos leitores deste blogue, sobretudo agora que o tio Albertino tem cataratas), decidimos entregar os prémios Fuga 2005 às personalidades políticas que mais se destacaram no ano que amanhã finda. É uma lista humilde, dado que José Mourinho não consta dela. É portanto pobrezinha mas honrada... ou quase. Cá fica.

Prémio - O ano da confirmação
Dinis Maria Carrilho

Prémio - O ás do garrote
José Sócrates

Prémio - Não sabe, não responde, não tem opinião
Aníbal Cavaco Silva

Prémio - Corpo nacional de Escutas
Souto Moura

Prémio - Fuga, a vitória logo se vê
José Manuel Durão Barroso

Prémio - Educação e etiqueta
Manuel Maria Carrilho

Prémio - Anda cá que eu não te aleijo
Maria de Lurdes Rodrigues

Prémio - Bonjour tristesse
Manuel Alegre

Prémio - Porque eu só estou bem aonde não estou
António Vitorino

Prémio - Eu hei-de voltar e o prometido é devido
Luís Nobre Guedes

Prémio - A esquerda é plural e coiso...
Pacman

Prémio - Juventude silenciada
Kátia Guerreiro

Prémio - Uh la la, Mamma Mia!!!
Joana Amaral Dias

Prémio - Revelação de esquerda
Cavaco Silva

Prémio - Che Guevara
Freitas do Amaral

Prémio - Revelação de direita
Não atribuído por falta de comparência de candidato

Prémio - Confirmação de esquerda
Não atribuído por excesso de candidatos

Prémio - A minha sopa agora é outra
Daniel Oliveira

Prémio - Não imaginam o que sei fazer com a minha mão invisível
Aos liberais emergentes

Prémio - Finalmente a muralha de aço
Vasco Gonçalves

Prémio - Aderi ao cartão cliente da Maconde
Jerónimo de Sousa

Prémio - Este meu blazer de estimação
Francisco Louçã

Prémio - Direita musculada com nuances
Paulo Portas

Willie Dixon dixit

«In the beginning, Adam had the blues, cause he was lonesome. So God helped him and created a woman. Now everybody's got the blues.»
Quando o Willie dizia estas coisas ninguém esperava que estivesse a brincar.

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Um alienado sem cozido na cova dos leões

Um tipo anda cheio de trabalho e só lhe foge a cabeça para os pequenos prazeres da vida, assim a modos que a ver se desanuvia um pouco. Vai daí, acorda-se com um desejo de gula infelizmente muito mais frequente do que se gostaria: um cozidinho à portuguesa. As papilas gustativas só pensam nestas coisinhas, já o coração foge delas como o diabo da cruz. Mas como todos sabemos o coração manda pouco nisto de paladares e carnes bovinas, suínas e assim, pelo que o corpo é que paga. E as superfícies dos espelhos até parece que vão encurtando, não é? Bom, feito o intróito, socorro-me pois da agenda de restaurantes e procuro: 5ªs feiras... ora ora, 5ªs feiras, pratos do dia... cozido à portuguesa, cozidinho cozidinho, cá está!!! Vou ao ******. Pega-se na viatura, mete-se o cinto de segurança, conduz-se de forma ultra segura e civilazada e chega-se à casa de pasto. Enquanto se aguarda mesa já se pensa em tudo menos em trabalho. As travessas de carnes fumegantes passam apetitosíssimas, bem servidas, o feijão, as gorduras, a couve, o nabo, o arrozinho... um petisquinho para a boca. Sentamo-nos e pedimos, directos: duas de cozido se faz favor. A resposta é imediata. Brutal. Seca. Trágica. Cozido é que já não há... E de repente o mundo desaba. E de uma manhã de sol se fez inverno. E num dia tão bom desce o inferno à terra. Desesperado, espeto os olhos nas travessas prazenteiramente degustadas nas mesas em volta... um pesadelo. Aposto que estes tipos nem de cozido gostam caramba! Vemo-los cruzar os talheres sobre pratos ainda cheios de comida. Sacanas! Que desperdício. Um cozido só deve ser vendido a quem provar gostar dele. Mas gostar a sério caraças!! Não é chegar ao restaurante e desatar a pedir doses só para lixar os gajos que chegam tarde. Decreto daqui hoje que Cozido à Portuguesa é coisa demasiado séria para ser vendida ao desbarato a quem nem dela gosta por aí além. E nós? E nós que sonhamos com ele, cozidinho au point, carnes ricas, feijãozinho branco ou encarnado consoante a vontadinha do freguês, sim, e nós? Desilusão, pois, desilusão que será carpida durante a tarde ao som de The Sound... From The Lions Mouth para uma tarde cinzenta, para afogar mágoas, para mergulhar na alienação do trabalho... sem cozidinho, na cova dos leões. É que na próxima 5ª feira já estarei em Budapeste, onde nem consta que haja cozido...

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Sem atenuantes

O episódio da entrevista ao Jornal de Notícias em que Cavaco Silva se põe a fazer sugestões sobre o organigrama do governo mostra uma coisa.: nada mudou no perfil do candidato. Depois ninguém vai poder dizer que foi enganado. Quem votar nele quer mesmo um presidente que extravase as suas funções.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Irão usa armas biológicas contra o seu próprio povo

Segundo o Público, o jeitoso presidente do Irão proibiu a música ocidental na TV e na rádio. Só se pode ouvir música tradicional e os «hits» da revolução islâmica. A única excepção é a «música relaxante» que, ao que parece, em persa se escreve... Richard Clayderman.

domingo, dezembro 18, 2005

Eis uma novidade

sexta-feira, dezembro 16, 2005

O plágio

«Cavaco avisa que salários baixos não são solução para a competitividade» título do Público.
Cavaco está tão desavergonhadamente coladinho à esquerda que qualquer dia é processado por Louçã por plágio.

domingo, dezembro 11, 2005

De vez em quando, tenho dúvidas...

Na barbearia do Sr. Simões, há um cartaz que diz o seguinte:

"Quem trabalha muito, erra muito.
Quem trabalha pouco, erra pouco.
Quem não trabalha, não erra.
Quem não erra, é promovido."

Eis a dúvida:

-Será que ando a cortar o cabelo na sede de campanha de Cavaco Silva?

Enquanto houver amor podemos ter esperança

«Coração de Américo Amorim palpita pela Galp», título do Público Economia.

Cinzentismos e Sebastianismos

Com o dia de hoje elevam-se a sete as jornadas que levo fora do país, faltando ainda mais umas quantas para me encontrar de volta ao rectângulo de Viriato. Bom, sem ver debates presidenciais, com acesso à net muito esporádico, adianto apenas que, desde que saí de Portugal, ainda não vi o sol por um minuto. Nem um minuto e já lá vão cinco dias de Paris e dois de Amesterdão. Sem sol, fica então o quê? Neblina, céu cinzento claro ou escuro ou mesmo negro, chuvinha irritante que às vezes cai horas e horas a fio e nevoeiro, às vezes bem denso, muito nevoeiro, especialmente ontem e hoje.
É pois de crer que D. Sebastião, um qualquer, a aparecer realmente, fa-lo-á com muito maior probabilidade num sítio destes. Estão pelo menos criadas as condições climatéricas para tal. Só que aqui ninguém o espera, e anda-se para a frente sem hesitações. Ou pelo menos assim parece...

sábado, dezembro 10, 2005

Estes católicos lúbricos

«Cavaco Silva é um homem objecto». António Pinto Leite, SIC Notícias.

O problema das expectativas

É preciso ser muito sectário para achar que Cavaco Silva ganhou ontem o debate contra Louçã. Com o tom certo e sem os irritantes moralismos em que é useiro e vezeiro, Louçã conseguiu fazer passar um discurso que qualquer social-democrata pode subscrever ao mesmo tempo que deixou escancarada a falta de ideias de Cavaco em tudo o que não diga respeito a finanças. Do casamento dos homossexuais (em que Cavaco não tem opinião) à política de imigração (em que tem uma caricatura de opinião), passando pelo discurso vago com que tratou a educação ou o problema da segurança social, foi notória a impreparação do preferido de dois terços dos portugueses. Claro que dez minutos depois, um císmico «Choque ideológico» entre a direita (Rui Ramos) e a direitinha (António Costa Pinto) já estava a convergir na ideia de que Cavaco se tinha safado bem. Começa a tornar-se evidente que, para a comunicação social portuguesa, Cavaco só vai perder quando sair de um debate em maca.

O lamaçal

As recentes e estúpidas declarações do presidente do Irão só vêm por a nu uma coisa: para além da pilha de mortos e do caos em que resultou a operação iraquina ela teve um perigosíssimo efeito colateral: nenhuma opinião pública ocidental (e sobretudo a americana) tolerará nos próximos tempos qualquer intervenção na área, o que deixa os fanáticos à vontade para todos os incêndios verbais. É o preço da arrogância e da falta de preparação, mas sobretudo é o preço da mentira.

Guts

Harold Pinter disse o bom e o bonito de ingleses e americanos a propósito da invasão do Iraque numa gravação que fez para a entrega do Nobel da literatura. Ao pé do dele, o discurso de Saramago, que tanta indignação causou na direita portuguesa, foi um exercício pueril.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Posições clarificadas

O debate de hoje entre Cavaco e Alegre só serviu para uma coisa: clarificar objectivos. Tornou-se óbvio que Alegre só está interessado em acertar contas com Soares, não quer ser presidente. Pessoalmente, tenho pena. É um problema de ambição. Tanta moleza, tanta falta de convicção, tanta elegância e tão pouco combate só podem ser estratégicos. É certo que o dispositivo dos debates sem contraditório directo só favorece Cavaco, mas deixar passar, sem a mínima ironia, frases como «Eu quero ampliar a democracia», ou «eu quero ser uma força do desbloqueio» quase roça o conluio.

A Europa em miniatura

Há umas semanas caiu o carmo e a trindade porque Freitas do Amaral disse que a Inglaterra não está interessada num projecto europeu. Agora, Durão Barroso diz a propósito da proposta de orçamento plurianual dos ingleses que ele é inaceitável e que supõe uma Europa em miniatura em vez de uma Europa alargada. Das duas uma, ou se trata de dois arruaceiros e então gostava de ver, por exemplo, Pacheco Pereira pedir a Barroso que modere igualmente a linguagem ou então que venham defender a própria proposta que supõe um corte drástico de verbas para a consolidação do alargamento. Se nem uma coisa nem outra, ficamos a pensar que é, meramente, o fantasma do ultimato, já para não falar do sectarismo de direita, que paira sobre as críticas a Freitas.

sábado, dezembro 03, 2005

Na luta

Infelizmente, por absoluta falta de tempo, não pude postar este texto (escrito há já alguns dias) quando desejei – por altura da greve dos professores. Ainda assim, cá vai. São essencialmente dúvidas.

De que se queixam afinal, e grosso modo, os professores? Por alíneas;

a) das aulas de substituição. Já lhes ouvi os mais variados argumentos:
  1. “que ninguém imagina o que é um professor que não tem aquela turma ter que enfrentar o grupo desconhecido”. Mas, pergunto, à medida que aquelas se incorporassem nas regras e organização do tempo escolar dos alunos, não se normalizaria o processo da substituição? E mais, o sistema passaria a mensagem de que a escola é essencialmente um espaço de aprendizagem e de trabalho;
  2. “que um professor de geografia, a título de exemplo, não pode substituir um professor de matemática”. Mas, que se saiba, o que se pede não é que o docente que ocupa esse tempo adiante o ponto programático daquele que é substituído, antes que organize tarefas de interesse educativo para esses alunos (exemplos: estudo acompanhado, trabalhos de casa, organização e criação de materiais pedagógicos, pesquisa na biblioteca, etc.). Mesmo que, no contexto concreto, reine a postura do professor “enfadado”, não será pior que crianças entre os 5 e os 15 anos fiquem sem acompanhamento educativo, em recreios ao abandono, ou com a porta de saída da instituição mesmo ali à mão?;
  3. “um professor não é animador cultural, “guardador” de crianças, ou ama-seca”. Ora aí está uma visão estreita da educação, tratando-se, claro está, de uma perspectiva de mera conveniência, pois já há muito se abandonou a ideia do profissional da “instrução”, estando o mesmo argumento, noutras ocasiões, ao serviço precisamente da valorização do profissionalismo docente. Tal concepção empobrece, na mesma medida, os conteúdos de um educador de infância, que, com toda a justiça, não faz a mera guarda de crianças;

b) do alargamento de horários nas escolas. As razões apontadas são, entre outras, as condições desfavoráveis das escolas para que tal processo seja levado a cabo em todo o país com normalidade. Mas porque é que essa temática – as condições das escolas – nunca, ou raramente, esteve à cabeça das reivindicações dos sindicatos nas últimas greves? O outro “contra” da classe é a falta de tempo para a preparação de aulas e avaliação dos alunos. É certo que esse tempo é necessário para a afirmação dos bons professores, mas porque não nas escolas? Para além disso, quais são os profissionais qualificados que não têm que ler e estudar fora de horas?;

c) da atitude de guerra da ministra. Neste aspecto, inclusivé, há até entre os professores quem ache que algumas medidas são correctas, “só que se perdem pela pose de guerrilha de Lurdes Rodrigues”. Mas não será a atitude guerrilheira dos sindicatos prévia à da própria ministra? Também considerei provocatório o anúncio da taxa de absentismo dos professores em dia de greve, mas, com tanto discurso demagógico, a provocação até parece parda entre aqueles que se deveriam situar na primeira linha do, dito pelos próprios, grande desígnio nacional: a educação.

Francisco Louçã veio engrossar, como se tem tornado costume, a voz demagógica sobre o direito à greve dos professores e funcionários públicos em geral, e sua normalidade democrática. Concordo, em princípio, com ele. Adianto apenas que não ouvi nenhuma declaração da Ministra que fosse no sentido de beliscar esse direito. Neste cenário de ruído surdo, essas declarações pareceram mera estratégia de capitalização eleitoralista.

Quanto ao passado político de Valter Lemos, porventura pouco liso, não deve ser confundido com a qualidade das políticas que se querem implementar, a não ser a favor da política de “chinelo” a que alguns sectores de opinião nos têm habituado.

São, portanto, dúvidas. Penso que, dentro da enorme classe profissional dos professores, exisitirá gente disponível e empenhada para colaborar com as medidas de uma Ministra que decidiu não passar pelo cargo nem para fazer horas, nem para tapar buracos. E não será isso, talvez, que está a causar tanta estranheza?

Dito isto, nada disto deverá ser feito em prejuízo de uma tentativa, pelo menos de uma tentativa, de negociação entre as partes. Na esfera mediática/pública os professores têm perdido em todas as frentes. Vá lá, organizem-se caramba!

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