Saída para a crise Israel/Líbano: apoiar a ONU na aplicação da resolução 1559
No actual conflito que opõe Israel ao Hezbollah (e ao Líbano?) é óbvio que Israel tem a razão do seu lado, sendo o único aspecto inaceitável a provável tomada de civis como alvos e a desporporção na resposta (vd. como raptos doutros soldados, nos anos 70, não deram direito a este tipo de resposta). Ambos os pontos foram já referidos pela ONU aqui.
Eis os principais factos contextualizadores: de 12 a 18/7, o norte de Israel foi atingido por c.700 mísseis lançados pelo grupo xiita libanês Hezbollah, causando a morte a 12 civis; a resolução 1559 da ONU (de 2000) ordenou a deslocação do exército libanês para o sul do Líbano (consumada que estava a retirada do exército israelita) e o desmantelamento militar do Hezbollah, o que ainda não foi feito, passados 6 anos! Para abrilhantar a festa, o Hezbollah só aceita "um cessar-fogo incondicional" (fonte: LUSA).
Dito isto, é tb. óbvio que quem está agora à frente em Israel são falcões e que a situação de ocupação de territórios e de inviabilização da Palestina é injustificável e uma das causas principais do reforço do fundamentalismo na região, sobretudo no seio dos palestinianos, mas que não nos deve fazer esquecer a corrupção instalada na OLP, a atitude destruidora da Síria e do Irão (que irrompeu logo no imediato pós-independência de Israel decretado na ONU), etc..
O exército israelita prossegue a sua contra-ofensiva contra os fundamentalistas do Hezbollah e esperemos que isto não seja o início duma nova guerra regional, pois acarretaria consequências imprevisíveis para o resto do mundo.
Entretanto, perante as centenas de mortos, as dezenas de milhares de deslocados e o sofrimento e angústia de milhões de pessoas, a única coisa que Blair e Bush fazem é assobiar em voz alta, em vez de dar total apoio à ONU e ao seu sec.º geral, que, mais uma vez, são quem tem as soluções sensatas para as crises internacionais. Com efeito, Kofi Annan apelou a uma trégua e preconizou o envio duma "força internacional de estabilização" para o sul do Líbano, onde impera sem rei nem roque o grupo xiita libanês Hezbollah, isto desde a retirada militar israelita em 2000!
Perante isto há quem goste de se concentrar no anedótico e omitir o essencial. Mais tarde, virão novamente alertar-nos para uma acção terrorista noutro qualquer ponto do globo, em regulares impulsos securitários e descontextualizadores.
2 Comments:
Até agora foi a melhor tomada de posição que li. Geralmente os comentadores oscilam entre tomadas de alinhamentos deduzidos de solidariedades abstractas pela civilização ocidental/Israel ou pelos oprimidos Hezbollah/Líbano/árabes/palestinianos. Ou então em meditações filosóficas sobre a «guerra».
Solidariedades muitos discutíveis pois a África do Sul também era uma democracia sem que por isso o apartheid fosse aceitável e o Líbano é um país com um projecto democrático ameaçado pela guerra. Conheci um casal de libaneses há uns anos, numa viagem pela Tailândia. Tinham um aspecto tão ocidental como o nosso ou o dos israelitas.
Obrigado, João, pelo cumprimento. Realmente, tudo o que gire em torno de Israel é mt. dado a julgamentos maniqueístas.
Um dos dramas centrais é que estes 3 povos são dos que, na região, tinham maior dinamismo sociocultural, e cujas energias de modernidade estão a ser comprometidas por esta insanidade do poder confiscado por uns quantos falcões e por minorias agressivas e essencialistas. Mas isto é um problema internacional a que ainda não se arranjou solução: veja-se o caso maior de Bush.
Pelos vistos, parece que vem aí uma nova geração de misseis, agora em campanha promocional, e que é preciso despachar os antigos, que estavam a ficar antiquados.
É o progresso... militar.
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