quarta-feira, junho 28, 2006

Balanço do consulado de Tony Blair (impressões de Londres III)

Comecemos pelo mais agradável, a política cultural. Foi no consulado de Blair, prestes a findar, que o Reino Unido viu relançado o seu sector cultural. E o povo aproveitou: 7 das 10 atracções actualmente mais vistas são museus ou galerias de arte e 66% da população assistiu a, pelo menos, 1 evento cultural nos últimos 12 meses. Idem para o mundo exterior: 85% dos turistas que vão à Grã-Bretanha visitam os seus museus.
Além do mais, foram os governos trabalhistas de Blair que mais exploraram e democratizaram o novo fundo de apoio às artes, ao teatro e à música oriundo da Lotaria Nacional (introduzido por John Major em 1994), permitindo uma 'revolução' artística no país. Esta assentou na criação de 100 novos equipamentos, no reequipamento doutros 500, no reforço da capacidade de programação e da educação artística e intercultural, no estreitamento da relação entre artes e reabilitação urbanística, na maior estabilidade profissional de artistas e músicos, e, muito importante, no reforço relevante dos públicos, pois o desafogo orçamental permitiu que os principais museus passassem a conceder entradas gratuitas, casos do Tate Modern, da Tate Gallery e doutros 17 museus nacionais. Para este desenvolvimento tb. contribuiu o reforço da verba geral do Estado para a cultura. O Arts Council England, o The English Heritage e o Department for Culture, Media and Sport reforçaram-se como instituições financiadoras, estratégicas e coordenadoras do sector cultural.
As nuvens: a partir de 2004 começam os cortes financeiros estatais, comprometendo os ganhos desta evolução. E o Estado britânico apenas gasta 0,5% do seu orçamento em cultura (incluindo desporto), o que o coloca na cauda dos países da União Europeia. A contra-ofensiva veio agora, com o manifesto «Values and vision: the contribution of culture», elaborado pela nata dos directores de museus e doutras instituições culturais. Este pretende relançar uma estratégia cultural, com objectivos claros de consolidação de públicos e da oferta cultural, a pensar num horizonte médio até aos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.
Nb: informação de base (inc. dados oficiais) retirada dos seguintes txs. do The Guardian:
-Stephen Moss, “
Luck and brass”, 4/XI/2004.
-Nicholas Serota, “
A new direction”, 5/VI/2006.
-Charlotte Higgins, “
Arts and museums urge ministers to keep up good work”, 9/VI/2006.
-foto de Catherine Phillips no The Festival of London Youth Arts 2005.
-gráfico dos fundos estatais para as artes no RU (1987-2008), retirado do tx. de C. Higgins.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Independentemente das políticas sectoriais (das quais a cultural e a educativa são, quase sempre, bons exemplos), não consigo admirar-me com o balanço. Tony Blair terá sido o últino (espero eu!) político saído da ridícula fornada da «esquerda moderna» (derradeiro paradoxo da politologia) a conseguir enganar-me, talvez até pelo «look», reconheço-o. (Daí a minha raiva de estimação.) Desejo-lhe as maiores venturas, de braço dado com o seu compincha Bush. Merecem-se!

4:45 da manhã  

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