Brincar ao quarto escuro
Cavaco Silva não sabe para onde se virar. Francisco José Viegas escreveu que com Cavaco como PR acabam-se os tempos de conspiração de Belém contra São Bento. Para outros apoiantes igualmente ilustres do professor, como Morais Sarmento (companheiro de governo de Marques Mendes, com Durão Barroso), Cavaco é uma espécie de Zorro que vem repor a justiça parlamentar portuguesa (29% nas legislativas não convenceram). De certa forma estas duas teorias ganham corpo único se Cavaco fizer uma e uma só coisa: implodir o parlamento. A tese do revanchismo venceria e a outra também - se não houvesse sequer São Bento, como poderia conspirar-se contra ele?
Com tanta informação controversa sobre si próprio, oriunda das próprias hostes, aconselha-se pois Cavaco a reavivar a sua velha máxima: "não leio jornais". Quanto a nós, pobre povo, quedemo-nos pois na incerteza do que dali sairá. É que se nem eles sabem, como poderíamos nós sabê-lo? E com votos não se brinca ao quarto escuro.
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