quarta-feira, outubro 19, 2005

O elogio da corporação

Professores anunciam greve. Trabalhadores da justiça (e juízes também) anunciam greve. Ora ensino e justiça são dois sectores que, de forma unanimemente reconhecida, funcionam mal (quando funcionam). Um olhar optimista sobre a situação leva-me a crer que se estas corporações se contorcem de forma histérica neste momento, então é porque se apontaram baterias aos alvos certos. Um olhar pessimista diz-me que sem elas, as corporações, dificilmente se reformará o sistema. Algures a meio, todos sabemos que há bons e maus professores, tal como haverá eventualmente bons e maus funcionários da justiça. Com os bons poder-se-á contar para a reforma. Os outros nem para reformados servem.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Nuno, tenho lido com atenção os seus escritos. Revelam inteligência e sensibilidade que me parecem de esquerda. Se não for não há mal nenhum. Contudo, gostaria de fazer o seguinte comentário: um homem de esquerda distingue-se pela defesa de 3 grandes princípios: igualdade, fraternidade e liberdade.
Como sabemos aos dois primeiros este governo diz nada e ao último advoga quanto baste. Para si a justiça e a educação são dois sistemas que funcionam mal. Diriam os mais razoáveis que esta análise é relativa ao modelo de comparação. Não é isso que quero contestar, mas sim a generalização que o governo toma nas medidas. Não é igual nem fraterno tratar todos os bons profissionais como canalhas e aplicar-lhes as mesmas medidas que se aplicam aos maus profissionais. Ora é esta a actuação deste governo. Aliás péssima actuação. Nenhum patrão de qualquer empresa actuaria assim. Nenhum manual de gestão o propõe.
Por este motivo, pela forma leve que trata este assunto, comento dizendo-lhe que, para quem escreve tão bem, ser advogado de tão maus políticos é favor redundante. Isto porque os grandes meios de comunicação são bem pagos para o fazer.
E já agora, falta fazer a avaliação de quem é pior, se os sistemas educativo e de justiça ou os sitemas políticos ou empresariais portugueses.

Um abraço

11:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro JL,
tenho também lido com atenção os seus comentários, que desde já se agradecem.
Eventualmente os dotes políticos desta ministra da educação são discutíveis, e sem "política" ninguém lá vai dado que a tarefa é ciclópica.

No entanto, parece-me que ano após ano, de acordo com os relatórios comparativos internacionais, o nosso país não se qualifica propriamente de forma digamos honrosa. Em matemática, por exemplo, estamos indiscutivelmente mal. O problema é dos alunos? Não sei, mas penso que não. Os professores põem-se em causa alguma vez? Demonstram vontade de o fazer? De se discutirem enquanto classe para além do aumento salarial anual? Não sei, mas também não me parece. E se o fazem deveriam procurar passar essa informação para a opinião pública. É importante que o façam.

Quanto à justiça, nem digo nada.

Outro abraço,
ns

12:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nuno, agradeço a sua resposta.
Tolerante e bem menos agressiva para com os nossos trabalhadores.
Quando falo no nosso povo e nos nossos trabalhadores, nomeadamente no ensino e na educação, falo de todos. Nestes dois sistemas não existem só juizes e professores.
Em qualquer profissão existem bons e maus profissionais.
Digo é que é completamente inaceitável tratar todos de igual modo. Condenaria tratá-los pelo limite superior como condeno pelo limite inferior. Ou seja, tratá-los como uma casta de malandros.
É preciso não esquecermos que a grande maioria dos trabalhadores que trabalham neste sistema não conseguem levar para casa uma centena de contos mensalmente.
Já que fala em estudos internacionais, sabe que os nossos alunos do primeiro ciclo estão nos primeiros lugares em termos internacionais, mesmo na matemática?
Sabe que na área de Educação Física e Desporto os nossos alunos até ao 12º anos são dos melhores a nível mundial.
Sabemos muito porque se utilizam alguns dados e não outros, como sabemos que a perocupação não é melhorar nada mas apenas redireccionar o dinheiro de uns bolsos para outros.
Pelo que tenho lido do que escreve, parece-me um homem muito bem esclarecido e que não ignora o que a aqui demonstro.

Aqui vai mais um grande abraço e os meus parabéns pelo vosso sítio.

12:04 da manhã  

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