sexta-feira, janeiro 13, 2006

Ponderação e náusea

É um dos poucos consensos disponíveis no cenário político português: há muito que o procurador já devia ter sido demitido. Toda a gente sabe disto‚ sobretudo ele. Mas este é um país muito inducadinho onde toda a gente confunde ponderação com bloqueio. O presidente‚ do alto do seu sentido de responsabilidade‚ nada fez. O governo‚ cheio de complexos por causa do PS e da Casa Pia‚ fez nada. Os comentadores - se perguntados se isto é um atentado ao estado de direito - dizem que essa é uma expressão demasiado forte. Temos um procurador que influenciou decisivamente o curso dos acontecimentos políticos no último ano e meio. Temos um ministério público que se põe a mostrar listas de fotografias a adolescentes às quais só falta a cara do Papa. Temos‚por fim‚ uma lista de mais de uma centena de figuras de primeiro plano (incluindo o presidente eo presidente da Assembleia da República) que viram as suas chamadas registadas sem que se perceba a relação dessa diligência com o processo. Resultado? Um enorme nada. O Procurador é demasiado teimoso para se demitir. Os outros (Sócrates e Sampaio)‚ demasiado polidos para atitudes enérgicas. E nós vamos agradecendo por cada dia que passa sem que‚ com muita falta de educação‚ Marrocos ou a Espanha não se lembrem de entrar por aqui a dentro e nos mostrem que as nossas instituições são espectros e que na verdade não existem. Alguém notaria alguma diferença?
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