segunda-feira, fevereiro 06, 2006

A palha que arde

Não entendo que se proíba a publicação do que quer que seja. Nem sequer acho aceitável que se o faça. Os critérios que ponderam a publicação, ou não, de qualquer peça de qualquer teor - humorístico, jornalístico, literário, artístico, político, o que seja - só podem ser da responsabilidade dos autores e ou editores dos órgãos de comunicação em que são incluídas. Isto, esta liberdade, parece-me, é um valor sagrado das sociedades evoluídas. E como tal deve ser defendido. Confundir linhas editoriais de jornais e outros meios de comunicação social com políticas de estado, é revelador de algo muito triste e desde logo, pelo menos aos olhos de um ocidental consciente do valor dessa liberdade, até merecedor de pena. É mesmo, ver queimar embaixadas por dá cá aquela palha (e como a palha arde!) é um espectáculo triste, um espectáculo que, em si, justifica o tom das próprias caricaturas em apreço no caso. Ou seja, os caricaturados acentuam o já de si carregado tom da caricatura. O que, de uma penada, dá razão ao autor da(s) mesma(s).
Dito isto, avanço ainda que não vi todas as caricaturas da polémica. No entanto, parece-me óbvio que não é o Islão o que se procura visar com as ditas, antes o fundamentalismo islâmico, ele próprio já uma caricatura do Islão.
Para concluir, é igualmente triste a hipocrisia das manifestações de extrema-direita preocupada com a liberdade de imprensa. Só mais palha para a grande fogueira.
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