quarta-feira, março 22, 2006

Legalismos balofos

Isto não é difícil de compreender - é mesmo incompreensível. Desde logo para quem tem os impostos todos em dia até à última quinhenta. Seguidamente para quem trabalha e tem de realizar o seu trabalho de forma competente todos os dias, hora a hora, enfim, minuto a minuto, para não ser despedido (contrastando com esses empregos onde a competência e a eficiência são conceitos aproximados ao milhão). Não menos importante é também o facto de um acontecimento destes atestar uma imagem de incompetência à Administração Pública em geral que é difícil de rebater. Por último, o desânimo e o descrédito que o Estado semeia e colhe, respectivamente, com tal desempenho, são corrosivos para quaisquer aspirações a credibilizar a ideia de equidade no processo de cobrança fiscal em Portugal. E a ideia de uma democracia amputada, em vez de plena, vem por arrasto. Uma democraciazinha triste e coxa, que carrega às costas um infindável conjunto de legalismos balofos que não são senão uma almofada protectora para quem tem recursos para os manipular.
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