segunda-feira, maio 22, 2006

Medidas de fundo

Depois de se ter reunido em congresso há coisa de umas semanas, o PSD voltou a congregar-se no passado fim-de-semana em Vila do Conde (VdC). Parece que o Congresso de Junho foi entretanto cancelado, devido ao Mundial, mas consta que o de Julho está já em fase de preparação. Aguardemos.
Tenho pena de quem não assistiu ao Congresso de VdC. Perderam, deixem-me dizer-vos, o momento máximo da carreira de Luís Marques Mendes enquanto líder da oposição. Orgulhoso, inchado por sobre o palanque, fez ver aos seus correlegionários que ele, ele sozinho e só ele, nada mais nem mais ninguém do que o próprio, tinha originado um comunicado qualquer do PS onde, basicamente, se podia ler que era com satisfação que encaravam a possibilidade de finalmente poder passar a haver oposição reconhecível como tal. Para balanço de um ano de liderança não está mau hein?
Mas logo de seguida o homem cresceu, o tom empolgou-se e até confesso que cheguei a ver a coisa preta quando, de repente, me pareceu constatar que alguns camaradas ponderavam se de facto não valeria mais a pena ficar ali a ouvi-lo do que ir até lá fora apanhar ar, esticar as pernas ou, quem sabe, telefonar à sogra. É verdade, a qualidade do discurso disparou quando Marques Mendes resolveu anunciar medidas de fundo. E duma penada resolveu o problema do excedente de funcionários públicos. É mesmo sério! Reparem: agarra-se em fundos europeus e desata-se a pagar indemnizações àqueles que pretendam rescindir por comum acordo. Brilhante. Fundos europeus! Uma medida de fundo portanto. Afinal tinha o PSD razão quando anunciava que este governo não apresenta medidas de fundo. Estas sim, são literalmente medidas de fundo. Mais, medidas «do» fundo.
Por azar, a porta-voz da Comissão Europeia veio hoje dizer que tal estratégia é completamente inviável porque os fundos europeus não podem ser utilizados para indemnizar funcionários da administração pública. Marques Mendes, estou em crer, soma mais uma vitória - eles lá em Bruxelas até emitiram declarações à conta do que ele, só ele e mais ninguém senão ele, disse. A Europa treme com tamanha eficácia. De cada vez que o homem fala, as ondas de choque não se fazem esperar e a Europa sonha e avança. Génio, peso bem a palavra, é o termo certo. E mesmo que esta medida de fundo tenha ido ao fundo do fundo, não será pois de espantar que Mendes tenha um fundo de medidas de igual calibre, prontas a esgrimir para embasbacanço da nação, que sente já, tal como eu, um pequeno frémito trepando pelos dedos das mãos, um formigueirozinho picando por debaixo das unhas enquanto sonha com o momento de ir à urna depositar o voto em (repitam todos comigo): Luís... Marques... Mendes... até porque, saliente-se, o professor Marcelo também não deu pelo disparate do seu pupilo e, no habitual comentário semanal de ontem à noite, deu-lhe nota máxima - 16 valores. Atenção atenção, segue-se comentariozinho de índole geracional - quando andei na escola os meus professores sabiam do que falavam e sabiam porque davam as notas que davam, agora estes da velha guarda... ai ai...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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