domingo, julho 30, 2006

De como degradaram o Rivoli para o privatizar

Ainda sobre o Rivoli, note-se que a crítica à sua privatização contrapõe que esta estrutura tinha uma programação plural consistente e investimentos de médio prazo, podendo estar agora em fase de consolidação, não fosse a actual política cultural populista de Rui Rio, qual bulldozer imparável.
Vem agora o anterior vereador da cultura de Rui Rio, Marcelo Mendes Pinto, criticar esta proposta de privatização e dizer que smpre se demarcou da estratégia de degradação da CulturPorto, donde foram demitidos peritos com provas dadas, em favor duma liderança por uma engenheira alimentar, pasme-se! Só lhe fica bem. A sua argumentação vale ser citada e reflectida:
"A decisão da Câmara Municipal do Porto de entregar a privados a gestão do Rivoli-Teatro Municipal constitui um acto político que me parece profundamente errado e com consequências graves para o presente e, sobretudo, para o futuro dos cidadãos do Porto. [..] em primeiro lugar, evidencia a ausência de uma estratégia [..], de uma política cultural que a Câmara deveria reclamar como sua, e que neste sector se basearia na divulgação, no estímulo e no apoio da criação artística em todas as suas expressões, na tentativa de atingir públicos amplos e diversificados, na formação desses mesmos públicos e dos próprios artistas, enfim, essa política deveria prosseguir o desenvolvimento cultural do Município, e mesmo de toda uma região de que o Porto se reclama lugar central. É ao fomentar os intercâmbios nacionais e internacionais que se alargam os horizontes culturais e que se alcança o cosmopolitismo que faz a diferença com o provincianismo serôdio em que nos debatemos. Em segundo lugar, parece-me que esta decisão deriva da não compreensão de um conceito básico, a distinção entre cultura e lazer. Ao entregar a gestão do Rivoli-Teatro Municipal a privados, a Câmara Municipal do Porto estará a transformar o mais importante equipamento cultural da cidade em mero pavilhão recreativo".
A análise da ofensiva destrutiva prossegue no relato de João Alpuim Botelho (ex-membro da CulturPorto). Começa-se assim a perceber melhor que este assunto não é reduzível a uma contenda paroquial entre PS e PSD pela luta de lugares, por demonstrar a existência duma política de terra queimada face ao legado socialista para a cultura lado a lado com a imposição dum lazer mercantilizado e populista no seu lugar. É aqui que bate o ponto. É isso que urge debater: que política cultural temos nas nossas cidades, que política cultural queremos para as nossas cidades?
Dito isto, é claro que as parcerias público-privado podem ser estimuladas, mas não à custa da destruição de investimentos públicos de médio prazo (era o caso evidente do Rivoli) e não sem ter subjacente uma estratégia cultural bem definida, transparente, publicitada e debatida no espaço público.
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