Novos interlocutores na globalização
No início deste mês foi criado o maior sindicato de sempre: a Confederação Sindical Internacional (CSI), resultante da fusão das 2 maiores centrais sindicais do mundo, a Confederação Internacional dos Sindicatos Livres (f.1949, reformista e laica, aglutinando 241 sindicatos de 156 países) e a Confederação Mundial dos Trabalhadores (democrata-cristã, agrupando 144 organizações de 116 países). A fusão iniciou-se no Fórum Sindical Mundial de 2004, em Porto Alegre. De fora desta organização ficaram os sindicatos independentes como a CGTP/IN e os da Federação Sindical Mundial (f.1945, de inspiração marxista, mas de que cindiu a CISL, tendo aí permanecido as organizações do Bloco de Leste e, depois, vários sindicatos do Terceiro Mundo).A CSI congregará 309 centrais
sindicais de 159 países, com um total de 166 milhões de filiados (fonte: MIC). A fusão foi aprovada em congresso realizado entre 1 e 3 deste mês, e visa criar uma entidade capaz de fazer frente aos desafios colocados pela globalização ao mundo laboral. De acordo com a OIT, regista-se uma queda permanente das taxas de associados, sendo a actual média mundial de sindicalizados de 19% da população activa. Ademais, os sindicatos pretendem alcançar assim maior capacidade negocial nos acordos laborais, na flexibilização legislativa penalizadora dos trabalhadores e recuperar a influência, credibilidade e capacidade de intervenção política. Veremos como a nova organização lida com aspectos fundamentais da sua dinâmica representativa, designadamente quanto à capacidade de incorporar jovens e mulheres na vida sindical, bem como desempregados e precariados.
3 Comments:
Seria óptimo que os nossos sindicatos fossem beber a essa fonte, numa perspectiva de enquadramento das suas lógicas de acção e enriquecimento dos seus discurso.
A UGT já lá está, a CGTP/IN ficou como observadora, embora antes tivesse aderido à confederação europeia sindical. A ver vamos.
Ainda a propósito da questão sindical, destaco um tx. de Hermes Augusto Costa, com contributo programático para um sindicalismo dinâmico, reformista e repolitizado, donde, necessariamente articulado com a sociedade civil (vd. "A nova internacional operária e os passados por cumprir", 11/XI, em http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?a=2006&m=11&d=11&uid=&sid=11784). Um cheirinho: "Na linha do Fórum Social Mundial, se os interesses do sindicalismo não são separados dos da sociedade civil, então devem estimular-se formas de articulação com outros «globalismos»".
O outro tx. é de Elísio Estanque, tb. especialista desta temática (vd. http://boasociedade.blogspot.com/2006/10/sindicalismo-e-cidadania-novos-desafios.html).
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