O ensino superior: proposta crítica de António Nóvoa
Não é correcto introduzir um corte orçamental cego sem ter feito reformas
Há quatro elementos que são fundamentais para a reforma das universidades. Primeiro é preciso reorganizar a rede do ensino superior. O que é que o ministro fez até agora? Nada. Segundo: o modelo de gestão das universidades está ultrapassado. Em terceiro, toda a gente reclama por um novo Estatuto da Carreira Docente. O que fez o ministro? Nada. À volta deste três elementos há ainda o da avaliação externa e independente. É necessário montar um sistema muito exigente e credível. [..]
Toda a gente sabe o que é preciso fazer porque o diagnóstico já foi feito [relativamente à suposta necessidade de esperar por avaliações internacionais para saber o que vai mal no ensino superior português]. [..] Não é correcto, do ponto de vista político, introduzir de forma cega um corte orçamental cego na ordem dos 15 por cento sem ter feito qualquer reforma.
Portugal é o país com o ensino superior mais barato da Europa. Segundo dados do Eurostat, um estudante português custa cerca de 4450 euros, quando a média da Europa dos 15 é de 8900 euros, praticamente o dobro. Outro dado importante: Portugal gasta um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) com o ensino superior, quando a Comissão Europeia já recomendou que se invista dois por cento. Este ano, esse valor pode descer para os 0,93 por cento do PIB. Estamos a afastar-nos da Europa quando deveríamos fazer um esforço de qualificação dos portugueses.
António Nóvoa - reitor da Universidade de Lisboa
(excertos da entrevista a Bárbara Wong, Público, 27/XI, p. 20)
Nb: +inf. na reportagem «Reitor da Universidade de Lisboa defende o reforço da investigação»
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