quinta-feira, novembro 30, 2006

Filotecnia copística ou alcoolatria cultural?

Recomendo gostosamente o visionamento deste fascinante «Kunstbar» da whitehouse animation (Canadá, 2002). Um dos melhores filmes de animação, ademais ligando 2 maravilhas do mundo: corpos e artes. Eu disse copos e ates? Enfim, isso. Whatever.
Nb: imagem retirada daqui.

quarta-feira, novembro 29, 2006

O ensino superior: proposta crítica de António Nóvoa

Não é correcto introduzir um corte orçamental cego sem ter feito reformas
Há quatro elementos que são fundamentais para a reforma das universidades. Primeiro é preciso reorganizar a rede do ensino superior. O que é que o ministro fez até agora? Nada. Segundo: o modelo de gestão das universidades está ultrapassado. Em terceiro, toda a gente reclama por um novo Estatuto da Carreira Docente. O que fez o ministro? Nada. À volta deste três elementos há ainda o da avaliação externa e independente. É necessário montar um sistema muito exigente e credível. [..]
Toda a gente sabe o que é preciso fazer porque o diagnóstico já foi feito [relativamente à suposta necessidade de esperar por avaliações internacionais para saber o que vai mal no ensino superior português]. [..] Não é correcto, do ponto de vista político, introduzir de forma cega um corte orçamental cego na ordem dos 15 por cento sem ter feito qualquer reforma.
Portugal é o país com o ensino superior mais barato da Europa. Segundo dados do Eurostat, um estudante português custa cerca de 4450 euros, quando a média da Europa dos 15 é de 8900 euros, praticamente o dobro. Outro dado importante: Portugal gasta um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) com o ensino superior, quando a Comissão Europeia já recomendou que se invista dois por cento. Este ano, esse valor pode descer para os 0,93 por cento do PIB. Estamos a afastar-nos da Europa quando deveríamos fazer um esforço de qualificação dos portugueses.
António Nóvoa - reitor da Universidade de Lisboa
(excertos da entrevista a Bárbara Wong, Público, 27/XI, p. 20)

terça-feira, novembro 28, 2006

Lisboa romana (agenda)

Hoje, pelas 18h, Rodrigo Banha da Silva (FCSH-UNL) falará sobre «O caso de Lisboa romana», no Museu Arqueológico do Carmo. É o começo do II ciclo de conferências da secção de História da Associação dos Arqueólogos Portugueses, subordinado ao tema Arqueologia das cidades históricas e turismo cultural. Só é pena ser tão cedo. Nb: inf. da FCSH-UNL (no site da AAP nada consta, embora tenha uma secção de notícias, fantasmática, por sinal); na imagem: mosaico romano (da Sicília, 300 a.c.), exibindo os 1.ºs bikinis da história da moda! e esta hein?

segunda-feira, novembro 27, 2006

Mondovino, episódio luso

Nem de propósito, li este sáb.º que o empório do crítico de vinhos Robert Parker aterrou por estas bandas. Não, não é o próprio, que «não tem tempo para tudo», mas um seu apêndice, Mark Squires, da Wine Advocate, a revista de Parker. Mondovino, de que falara neste post, tem aqui um novo episódio em potência.
Do que está em jogo informa-nos um dos melhores críticos de vinhos portugueses, David Lopes Ramos (Público, 25/XI, p. 25-Fugas).
Castas locais como a Touriga Nacional e Touriga Franca nem pensar, não se vendem nos EUA. Quem dita o gosto é o paladar americano, donde, escaparão alguns produtores sulistas de Syrah ou Cabernet Sauvignon. As sentenças encadeiam-se, fulminantes: "Squires, apesar de ainda só ter provado umas três centenas de vinhos de mesa de um país que produz milhares, tem pressa e, após informar que o seu primeiro artigo, no Wine Advocate [..], incidirá «maioritariamente no Douro», acrescenta que já concluiu que esta região não é «uma das zonas de excelência mundial». Há nesta opinião, uma visível arrogância e uma ligeireza quase insultuosa, por a amostra em que se baseia ser claramente insuficiente".
Para tentar disfarçar a desfaçatez, Squires lá vai dizendo que pois, alguns vinhos lusos até têm qualidadesão bons vinhos», deixa escapar) mas, porém, todavia: "«Muitos mostram tendências que os prejudicam, nos mercados internacionais». Concretizando: «A marioria tem sabores e aromas desconhecidos»; «há uma tendência geral para apresentarem taninos muito duros e rústicos»; têm «demasiada adstringência, pouca fruta no meio do palato, e um lado selvagem», que confessa não apreciar".
David Lopes Ramos não tem papas na língua quanto a este tipo de procedimentos: "Já se está a ver do que Squires gosta: de vinhos bonitinhos, elaborados com castas que lhe são familiares e que não questionem os seus padrões de gosto. Que lhe façam bom proveito e ao seu «paladar americano». Mark Squires poderá ser um crítico influente nos EUA, mas há uma regra básica desta actividade que aparenta desconhecer. Ficam a saber com o que se pode contar do lado da influente Wine Advocate".
Enfim, e não é que parece mesmo virem aí umas invasões bárbaras, directamente do coração do império para os vinhedos alentejanos? Para uvita que dizem não ser grande espingarda, soa bizarro, mas que sabemos nós?
Nb: imagem retirada daqui; título do tx. de DLR: "Parker, Squires e os vinhos portugueses".

domingo, novembro 26, 2006

Mário Cesariny, o surrealista heterónimo (1923-2006)

Faz-me o favor...
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

~
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

~
Tu és melhor - muito melhor! -
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
Lisboa, Assírio & Alvim, 1989.
Nb: imagem retirada daqui.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Street art portuguesa na In-Cubo (divulgação)

É já hoje, pelas 19h33, que serão projectadas todas as fotos de 1 ano de divulgação de street art portuguesa pelo blogue Fixação Proibida. O beberete é na In-Cubo, localizada na Rua D. Pedro V, 56A (Lx.), quase defronte do Pav.º Chinês. O programa é tentador e vem aqui. Aproveitem e incubem-se!
Nb: imagem retirada daqui.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Os paradoxos da globalização num copo de vinho

Mondovino é um dos documentários mais interessantes dos últimos tempos. Nele se reflecte sobre a situação do vinho no mundo através de cuidadas entrevistas a vitivinicultores de várias regiões de referência (desde a França à Argentina, passando pela Itália, EUA, etc.). Por ele ficamos a conhecer alguns dos melhores vinhos e regiões do mundo e, de par, os paradoxos introduzidos pela actual globalização: a homogeneização tecnológica que favorece a massificação mas empobrece a qualidade dos vinhos (vd. grande parte dos vinhos dos hipermercados de grandes cadeias francesas); o nivelamento por baixo articulado com os circuitos de legitimação do vinho, trazendo especulação e desvirtuamento da crítica (vd. o caso dos vinhos duma empresa californiana que à medida que se vão adaptando aos ditames uniformizantes dum influente crítico norte-americano vão subindo na sua escala e na do mercado). Todavia, o filme é bem mais complexo e a sua riqueza deriva grandemente de nos mostrar estas pessoas falando nos sítios do vinho, nas suas casas e com as vinhas em redor. De nos mostrar os diferentes pontos de vista, os argumentos em jogo, de nada omitir.
O realizador, Jonathan Nossiter, não esconde a sua empatia por um velho vitivinicultor do Languedoc adepto da feitura do vinho pelos métodos tradicionais, respeitando as características do terroir, dos invólucros antigos, do tempo. Aimé Guibert, é dele que falo, diz mesmo a dada altura o seguinte: «Le vin, c'est une relation quasi religieuse de l'homme avec les éléments naturels. Avec l'immatériel. C'est un métier de poète de faire un grand vin». Para logo conluir, pessimista: «le vin est mort». Já o produtor Hubert de Montille, da Borgonha, é mais optimista: «où il y a des vignes, il y a de la civilisation. Il n'y a pas de barbarie». O tom do filme oscila entre estes 2 pontos, ficando a impressão de virem aí umas invasões bárbaras invertidas. Essa é a desconcertante ironia do documentário, que faz lembrar o cinema de Otar Iosseliani.
Mas tudo isto a propósito de quê? Pois bem, do filme em si (exibido há umas semanas na 2: e circulando por aí em DVD- em quadra natalícia, meus caros..) e duma medida da UE que visa, adivinhem, homogeneizar, adivinhem o quê? O vinho, esse mesmo. Pela mão de Viriato, fiquei a conhecer a Campagne contre les naufrageurs du vin, que expõe a medida e os argumentos críticos dela. Vale a pena dar uma olhada. E à vossa saúde!
Nb: uma boa crítica do filme está neste tx. de Sandrine Marques.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Faz sentido acabar com a Festa da Música?

Esta é a questão que importa debater, agora que os responsáveis administrativos e políticos ditaram a extinção dum evento criado em 2000 e que marcou o panorama cultural luso, não só pela alta qualidade da oferta e das condições como pela grande adesão popular.
Diz o actual director do CCB que esta medida deveu-se ao corte orçamental de 600 mil euros. Ora, sendo assim, poder-se-ia retomar o evento no próximo ano; ou fazê-lo em formato reduzido.
Que não, antes um novo formato, dedicado ao piano e com c.1/2 dos concertos de 2005 (51 para 115). Então metade não chegava nos velhos moldes ("afectaria o próprio conceito", apesar de assim ter começado) mas nos novos moldes já chega? E só piano porquê? Se a questão é o preço, porque não adufe ou ferrinhos?
Que esgotava 1/3 do orçamento (1,2 milhões de euros em 2005) em 3 dias. Primeiro, importa esclarecer: 1/3 antes ou depois das significativas receitas de bilheteira (em 2005 venderam-se 51548 bilhetes, correspondendo a 550 mil euros)? Segundo, com esta lógica estão em causa todos os grandes festivais culturais lusos, ou pelo menos a sua subvenção pública, pois todos eles se concentram em poucos dias. Faltou prolongar ao longo do ano os efeitos da Festa? Faltou, mas isso não era responsabilidade do festival, antes doutras entidades (vd., por ex., os concertos de Natal nas igrejas, que ainda podem ser melhorados e alargados a outras quadras do ano). E aqui cabe alguma responsabilidade tb. aos media, que podiam divulgar tb. estas iniciativas com mais atenção.
Talvez se possa avançar antes causas omissas para esta extinção: o peso do novo Museu Colecção Berardo, com 500 mil euros acordados só para aquisições anuais para reforçar a colecção privada, 5 administradores a tempo inteiro, funcionários a assegurar só para esse novo espaço, etc.. Neste caso, trata-se duma opção estratégica pelas artes plásticas, ou por esta colecção em particular. Porque não assumi-la?
Outra motivação possível: seria a Festa da Música demasiado popular para o gosto das elites lusas, que não gostam de ter as massas junto de si enquanto exibem o seu gosto pela cultura erudita?
É que este festival era um exemplo de consolidação e atracção de públicos para a música clássica (acompanhando o caso francês), de visibilidade para os músicos nacionais, de contacto com intérpretes de grande qualidade, de diversidade de compositores, períodos e estilos, e de economia de escala (cf. Cristina Fernandes e Rui Vieira Nery, este +assertivo em depoimento à TSF ou RDP, ontem de manhã).
Assim, tal como surge nos jornais (vd. aqui e aqui), parece uma história mal contada.
Nb: cartoon de GoRRo, originalmente inserto no post sobre o Centro Coltural Berardo.

terça-feira, novembro 21, 2006

Maio de 68 em cartazes, no Porto

A Galeria Sargadelos Porto expõe 35 cartazes do Maio de 68, até 30 Dez.º (a ver na R. Mouzinho da Silveira, 298).
Como nos dizem os curadores desta exposição, estes cartazes "são o testemunho de dois meses de explosão de vida e de criatividade, em que a problematização levantou, ela mesma, paralelos metafóricos, pondo a nú os alicerces do edifício social. A discussão, generalizada e permanente, incidiu sobre as mais variadas questões: o poder, a democracia, o capital, o trabalho, a educação, os costumes, a moral, a publicidade, os nacionalismos anacrónicos, temas em que está organizada esta mostra. Nem mesmo os cartazes escaparam ao debate: «Desobedecer primeiro: só depois escrever nos muros (Lei de 10 de Maio de 1968)». É muito fácil cairmos na mistificação do passado e, por isso, é bom lembrar que foram igualmente dois meses de greve geral, de fábricas ocupadas e economia paralisada, em que participaram, espontaneamente, 10 milhões de franceses, 1/5 da população (segundo censo de 1967)".
Os trabalhos provêm da Galeria La Caja Negra Ediciones (Madrid). Mais informação e imagens de cartazes no blogue da galeria (posts de Out.º e Nov.º). Nb: imagem retirada daqui.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Iniciativas pelo comércio justo e o consumo responsável

Uma ONG promotora do comércio justo, a Cores do Globo, está preparando uma semana dedicada ao Consupensando: Festa de Natal de Comércio Justo, e convidou ONG's como o CIDAC, a Slow Food Portugal e a Mó de Vida para tertúlias sobre o consumo responsável e o comércio ético, atelier para crianças, oficinas de culinária vegetariana, etc.. Terá lugar de 7 a 10 Dez.º, nos jardins de Belém (dados corrigidos ap. nova informação deixada pelos responsáveis na caixa de comentários).
Em 2005, a Cores do Globo organizou o ciclo «Filmes para o milénio», no Museu República e Resistência, com Yatra, sobre a marcha indiana anti-trabalho infantil de 1993, The bottom line: privatizing the world (O bem comum; de Carole Poliquin, 2002, 62'); The take (de Avi Lewis e Naomi Klein, 2004, 87'); The corporation (de Mark Achbar, Jenniffer Abbott e Joel Bakan, 2003, 145'). Este último foi 1 dos documentários mais premiados de sempre e inclui 40 entrevistas com trabalhadores de empresas e intelectuais como Naomi Klein, Milton Friedman, Michael Moore e Noam Chomsky. O ciclo inseriu-se na campanha internacional Pobreza O.
PS: a Cores do Globo tem uma loja próxima do Coliseu dos Recreios, a «Mercearia do Mundo», onde vende produtos do comércio justo (R. de São José, 17); inf. sobre as 11 lojas lusas de comércio justo aqui, as quais estão unidas na Coordenação Portuguesa de Comércio Justo.

domingo, novembro 19, 2006

A um homem renascentista

«Estimated Prophet» (Grateful Dead)

Esta é destinada a um grande amigo que vive na Vila Real, a transmontana, claro.
Ao amigo renascentista, um abraço sulista! E viva a Renascença! Sempre.

sábado, novembro 18, 2006

Aldina Duarte: regresso ao amor e à esperança

M.F. (Aldina Duarte, popular- fado menor)
Na memória uma voz triste
Não pára de me dizer
Tudo aquilo que hoje existe

Um dia há-de morrer

Eternamente a tristeza
Prevalece desmedida
Qualquer coisa de beleza
Em de haver p’ra além da vida

Devagar o esquecimento

Persuade o coração
Na corrida contra o tempo

Volta sempre a solidão
O concerto foi esta noite, na Culturgest. Sala cheia. Momentos cintilantes.
Aldina Duarte aproveitou para lançar o seu novo álbum, o belíssimo Crua, e retomou canções antigas como a do poema cima, do anterior álbum Apenas o amor.
Os concertos prosseguem no Porto (Casa da Música: 19/11), Aveiro (Teatro Aveirense, 2/12) e Viseu (Teatro Viriato: 15/12), segundo o blogue da cantora, inserto no site.
O site tem as músicas, letras, pensamentos, citações e o mais que percorre a vida desta grande fadista. Que nos diz: "Regresso ao amor e à esperança necessários e ao prazer possível neste mundo estranhamente cruel em que estamos a viver. Volto para quem me espera, porque as coisas verdadeiras são para toda a vida e não precisam de justificações!".
Nb: foto de Isabel Pinto.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Coligação de direita em Lisboa esfumou-se, terá sido do nevoeiro?

A coligação pós-eleitoral de direita que governava a capital desfez-se esta noite (paz à sua alma), e tudo devido ao nome indicado pelo edil para liderar a Sociedade de Reabilitação da Baixa-Chiado.
Desfez-se depressa e com estrondo. Com efeito, Carmona Rodrigues alegou "violação de lealdade e confiança" para retirar os pelouros à vereadora M.ª José Nogueira Pinto. Esta contrapôs que não fora isto o acordado. Ademais, houve intriga com a presidente da AML, envolvida numa associação de moradores da Baixa. Cá está mais uma prova de que os autarcas não deviam estar ligados a associações cívicas que implicassem com as suas áreas de actuação. Atalhando, parece que alguém andou a meter pregos no caminho da vereadora.
Embora seja muito crítico da actual governação, o que expressei já em vários posts, não sei se isto será bom para a cidade: é que se mantém o megalómano e despesista plano para a Baixa. E Nogueira Pinto sempre teria mais razões para tentar controlar custos e fiscalizar os procedimentos do que agentes mais directamente ligados ao partido maioritário. A seguir com preocupação.
Nb: fontes aqui e aqui; na imagem, cerimónia fúnebre nos Paços do Concelho, em 1910 (da base do AFCML).

terça-feira, novembro 14, 2006

O cliente tem sempre vazão

Não percais este delicioso post sobre A era do cliente. De como ir de freguesa a formando, fazendo tudo sentido!
No Bic Laranja há ainda espaço para se ouvir o eterno Carlos do Carmo a cantar O homem das castanhas, iluminado por uma belíssima imagem de Eduardo Gageiro.
Tudo apropriado a estes tempos outonais, de luz coalhada. Porque o cliente nem sempre existe. É tudo invencionices pra despachar.
Nb: imagem retirada do blogue carmoblog.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Bush e as criãncinhas

O cenário é o seguinte: Bush vai de visita a uma escola comum nos EUA, num daqueles números obrigatórios de agenda. Após perorar um pouco, com um livrito abonecado nas mãos, diz às crianças em seu redor se lhe querem fazer alguma pergunta.
Levanta-se um miúdo, chamado Bob, e diz:
- Não tenho uma mas 3 perguntas para lhe fazer.
Bush acede. Bob prossegue:
- A 1.ª pergunta é sobre onde estão as armas de destruição maciça? A 2.ª é porque é que invadiu o Iraque? A 3.ª é porque é que ainda não apanhou o Bin Laden?
Antes de Bush esboçar uma resposta a campainha toca de súbito para o intervalo. Os alunos saem da sala de aula.
Algum tempo depois a garotagem está de volta à sala. Nessa altura, Bush volta a perguntar se alguém tem alguma questão a colocar. Outro miúdo levanta-se, diz chamar-se Roger, e tem não 1, nem 3, mas 5 perguntas a fazer-lhe. O Presidente acede novamente. Roger continua:
- A 1.ª pergunta é sobre onde estão as armas de destruição maciça? A 2.ª é porque é que invadiu o Iraque? A 3.ª é porque é que ainda não apanhou o Bin Laden? A 4.ª é porque é que o intervalo tocou 20 minutos mais cedo do que o habitual? A 5.ª é sobre onde está o meu amigo Bob?

sábado, novembro 11, 2006

Hora do conto, no Pequeno Herói (divulgação)


É aproveitar: começou agorinha mesmo a 1.ª hora de conto do mês para a miudagem na livraria Pequeno Herói, no Largo da Graça, 79, Lisboa (tel. 21-8861776). O programa está aqui, sempre com Elsa Serra, às 16h de cada sábado. Dêem largas à vossa imaginação, ou, se já não conseguirdes, deixai ao menos os petizes fantasiar, ao som dos novos contadores de histórias.
Especialmente apelativo para os progenitores necessitados de substitutos pontuais para a curiosidade insaciável da petizada, à falta de ti@s e avóôs à mão de semear.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Políticas moles/ ditados duros (balanço outonal)

- Se o óptimos é inimigo do bom, a opa é filha da pt.?
- Bem-vindos a Paços de Ferreira, capital do móvel sueco
- Mais 1 Galp de Estado na Bolsa
- Reformista está para reformado, como oportunista para importunado
- Grão a grão, arroz com feijão
- Democracia e Tolerância: Votem em nós, acreditem no que quiserem
- A chuva limpa a alma do fogo de verão
- Por cada dia de internamento, um mês de financiamento
- Quem pare deixa saudades, quem fica maternidades não tem
- Mais vale um aborto na mão que duas clínicas a voar
- Quem vai a scut, avia-se em terra
- Chamadas de graça? Gato por lebre
- Enquanto os gatos fedem e os patos cedem, a pt vendem
- Quando o sol nasce, o dvd é para todos
GoRRo

quinta-feira, novembro 09, 2006

O ocaso do militarismo bushista

Por estas horas é já certo: o Presidente Bush teve uma pesada derrota e o seu falcão de serviço, Donald Rumsfeld, caiu. Os Democratas venceram e convenceram: têm a 1.ª mulher speaker do Parlamento (Nanci Pelosi), arrebataram o Senado em eleição parcial (50-49, liderando no Estado por apurar) e têm a maioria dos governadores. A coabitação será incómoda e exigente para Bush: tem o final que merece. Uma alternativa progressista assoma.
Vale a pena atentar no discurso de Bush, para além dos soundbites. É que o seu discurso é bem mais longo do que os excertos acenados nas tv's e nele condensa-se uma mistura de nacional-populismo de direita e de messianismo evangélico. A demagogia chega ao cúmulo de querer passar a ideia de defensor do ambiente e das energias alternativas ("Will we build upon the recent progress we've made in addressing our energy dependence by aggressively pursuing new technologies to break our addiction to foreign sources of energy?"), ele que se embrenhou em guerras do petróleo (Médio Oriente, América Latina) e recusou o Protocolo de Quioto. O descaramento não tem limites.
Ademais, Bush insiste na sua política militarista até ao fim, contra tudo e todos, acenando que a sua "obrigação fundamental é a de proteger o povo americano de ataques". Não se trata de buscar melhores condições de vida para a sociedade que representa, mas tão-só de prosseguir como centurião dos seus interesses e do dos seus próximos. Como um só discurso pode ser tão revelador. Porém, foi a desastrosa guerra do Iraque que os eleitores americanos grandemente quiseram punir, bem como os escândalos e casos de corrupção de dirigentes e o rumo político em geral.
Esperemos que isto seja o início do fim do unilateralismo incendiário e imperial e que, sobretudo, a ONU e o ideal dum governo mundial progressista possam reforçar-se.
Nb: imagem retirada daqui.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Esquerdireita

À esquerda da minoria da direita a maioria
do centro espia a minoria
da maioria de esquerda
pronta a somar-se a ela
para a minimizar
numa centrista maioria
mas a esquerda esquerda não deixa.
Está à espreita
de uma direita, a extrema,
que objectivamente é aliada
da extrema-esquerda.

Entretanto
extra-parlamentar (quase)
o Poder Popular
vai-se reactivar, se…

Das cúpulas (pffff!) nem vale a pena
falar, que hão-de
pular!

Quanto à maioria da esquerda
ficará – se ficar – para outro poema.
(in Luta, 1/VII/1976 – republicado em: Relâmpago, X/2003; Coração acordeão, O Independente, 2004; Anos 70 - poemas dispersos, Assírio & Alvim, 2005)

terça-feira, novembro 07, 2006

Novos interlocutores na globalização

No início deste mês foi criado o maior sindicato de sempre: a Confederação Sindical Internacional (CSI), resultante da fusão das 2 maiores centrais sindicais do mundo, a Confederação Internacional dos Sindicatos Livres (f.1949, reformista e laica, aglutinando 241 sindicatos de 156 países) e a Confederação Mundial dos Trabalhadores (democrata-cristã, agrupando 144 organizações de 116 países). A fusão iniciou-se no Fórum Sindical Mundial de 2004, em Porto Alegre. De fora desta organização ficaram os sindicatos independentes como a CGTP/IN e os da Federação Sindical Mundial (f.1945, de inspiração marxista, mas de que cindiu a CISL, tendo aí permanecido as organizações do Bloco de Leste e, depois, vários sindicatos do Terceiro Mundo).
A CSI congregará 309 centrais sindicais de 159 países, com um total de 166 milhões de filiados (fonte: MIC). A fusão foi aprovada em congresso realizado entre 1 e 3 deste mês, e visa criar uma entidade capaz de fazer frente aos desafios colocados pela globalização ao mundo laboral. De acordo com a OIT, regista-se uma queda permanente das taxas de associados, sendo a actual média mundial de sindicalizados de 19% da população activa. Ademais, os sindicatos pretendem alcançar assim maior capacidade negocial nos acordos laborais, na flexibilização legislativa penalizadora dos trabalhadores e recuperar a influência, credibilidade e capacidade de intervenção política. Veremos como a nova organização lida com aspectos fundamentais da sua dinâmica representativa, designadamente quanto à capacidade de incorporar jovens e mulheres na vida sindical, bem como desempregados e precariados.
Nb: entrevista com o sec.º-geral do CSI, Guy Ryder, no Le Monde; mapa retirado deste jornal; uma perspectiva anarquista, necessariamente crítica, aqui; uma perspectiva mais neutral aqui.

segunda-feira, novembro 06, 2006

BD Amadora: balanço crítico antes da idade adulta

O Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora fez 17 anos e tem já muito para contar. Antes que entre na idade adulta, convém reflectir um pouco na encruzilhada presente. Aqui deixo a minha contribuição.
Este ano, a organização arriscou muito: tema central com autores lusos (destaque para Filipe Abranches e Miguel Rocha, respectivamente vencedores de 2005 e 2006). Embora concorde que se deve apostar mais no produto nacional, houve exagero ao não terem autores (ou temas) chamariz. Havia uma sala lusófona e latino-americana (no piso -1), mas ninguém era avisado da sua existência à entrada, de modo que muita gente nem foi ver essa secção! Na central, a ideia dos baús era interessante se a proposta fosse criativa: por ex., livros de BD, nacionais e estrangeiros que inspiraram os autores, senão dá naquilo da repetição de latas de conservas (3 autores!) e o relambório folclórico-nostálgico à MEC. Há agora palestras, concertos e até alguma animação, mas tudo a eito e muito tímido.
O espaço central foi agora no Fórum Luís Camões (na Brandoa), que é um espaço moderno, mas teve 2 graves problemas: o "calor intenso" (como alguém dizia no Público de hoje, repetindo inexplicavelmente o que já ocorrera no espaço da estação de metro Amadora Este) e o som insuportável duma rádio comercialóide a altos berros, com música agressiva, patrocínios e publicidade. Alegaram ser dum patrocinador quando critiquei a poluição sonora. Portanto, temos um patrocinador a passar os seus próprios patrocínios, seguindo uma tendência intromissiva que pretende invadir todo o espaço público como se fosse uma coisa natural e saudável: ele é nos hipermercados, ele é no Metro (aqui com a agravante de serem écrans a altos berros, além da publicidade nos placards), ele é nos autocarros da Carris, ele é nos centros de saúde, etc., etc.. Repetindo, é poluição sonora, é inaceitável. Para a próxima, se repetirem, não vou! E voltarei a alertar publicamente para o ruído agressivo e completamente injustificável. Ademais, para chegar ao local é um suplício: ninguém conhece aquele fim-do-mundo, nem quer conhecer, o que afastou muita gente, e a localização está mal sinalizada. O edil e a organização deviam tentar arranjar sítios alternativos mais condizentes, isto se querem ter público e impacto. Na minha opinião, o mais apropriado é o Centro Intercultural (na Venda Nova, ex-escola industrial), um espaço muito central, com estacionamento, transportes públicos e logo à saída de Lisboa. O outro seria a «Fábrica» onde funcionou tantos anos.
De há uns anos para cá, o Festival anda em transumância constante, perdeu visibilidade e parece ter esquecido parcerias, apesar da agora anunciada itinerância de parte da exposição. Parece que terá sido o próprio edil a desvalorizar a iniciativa. Se foi isso é pena, pois este é um dos poucos festivais que se afirmou enquanto proposta de política cultural local. Se o edil não apoia não sacrifiquem o público a ruído, sauna e fraqueza de oferta; mudem antes de concelho, é simples. Quereis precedentes positivos? Vide, então, o Festival Internacional de Cinema Imago, no concelho do Fundão, que para aí passou após desinteresse do edil da Covilhã. De certeza que vale a pena tentar outro concelho, ousar mudar. Mas, repito, não sacrifiqueis o público que já abarcaste, sob pena de o perderdes para sempre.

sábado, novembro 04, 2006

Retrospectiva de Visconti na Graça e de graça!

No centenário do cineasta Luchino Visconti, o ABC Cine-Clube de Lisboa propõe um ciclo retrospectivo da sua obra, com entrada livre! Começou ontem com Morte em Veneza, continua hoje com o fortíssimo Violência e paixão (às 17h). Seguem-se-lhe, e até ao fim do mês, Sentimento (9: 18h30), A terra firme (4: 17h), Belíssima (16: 18h30), Obsessão (18: 15h), O leopardo (a confirmar, 18: 17h30), Os malditos (23: 18h30), Rocco e os seus irmãos (25: 17h) e, a encerrar, O intruso (30: 18h30). Todas as sessões são no Aud.º João Hogan d'A Voz do Operário (R. Voz do Operário, 13; tel. 218 862 155), com o apoio técnico do Museu do Neo-Realismo e patrocínio do programa Rede Alternativa de Exibição Cinematográfica do ICAM-MC. Mais inf. neste programa, biografia aqui. Nb: na imagem, Visconti com Maria Callas, no Teatro Scalla de Milão, durante os ensaios da Traviata, em 1955.
Também a Fundação Gulbenkian lançou agora o seu ciclo, «Como o cinema era belo», com 50 clássicos ficcionais, recuperando a 7.ª arte em contexto de comemorações (esperemos que seja para prosseguir em programação regular e diversificada). Arranca hoje em grande, com O vale era verde, de John Ford (às 15h30), no Grande Aud.º. Não é de graça mas tem preços módicos (2,5 euros). O Sentimento, de Visconti, também aí se exibirá, lá para Fevereiro. É merecido.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Vem aí uma epidemia perigosa... a preguicite aguda!

Cá estão eles de novo, o grupo do novo PREC- Pensa, Rosna, Estica, Corta. Deles se falou aqui para dar conta do Jornal PREC e do livro Da abrangência ao zunzum.
Desta feita vêm com um pugama de alto gabarito sobre, bem, sobre... o bom que é poder não se fazer nada! Nada, népias. Zero. De papo para o ar. Dolce fare niente. Etc. Ainda é possível tal desplante? Ou será já chão que deu uvas? Como é?
As actividades são muitas e tentadoras, para mal dos nossos pecados: livros preguiçosos, jantares ociosos, discussão sonolenta, e, claro, As férias do sr. Hulot! Isto no Porto, que será o 1.º local a ser tomado pela preguicite aguda, desde as 18h de hoje até ao adormecer de domingo, vd. Plano B. Em Lisboa é lá mais para a frente, apanhando o 25 de Novembro bem no meio, com quartel-general instalado na Bib.ª Museu República e Resistência. Culmina no ACERT de Tondela, entre 15 e 17 de Dezembro.
É caso para dizer: esta preguiça dá mesmo muito trabalho!

O regresso das caravelas

Decorre hoje e amanhã o Encontro Internacional 30 Anos do Fim do Império: Guerra, Revolução e Descolonização, organizado pelo Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa do ISCTE. Uma boa oportunidade para confrontar velhos mitos e novas abordagens.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Baladas para um tempo de recolhimento

Santana & John Lee Hooker - «Chill Out»

Dois grandes músicos, e ainda por cima juntos, que mais se pode querer?
Esta canção dispensa grandes comentários, fala por si, é tocante e vibrante em todos os acordes e palavras. Se não é vintage anda lá perto.
Resta referir percursos: John Lee Hooker nasceu no «Sul profundo» durante a Grande Guerra mas rumou para as cidades do Norte (1.º para Detroit), o que lhe deu uma especial capacidade para mesclar elementos rurais e urbanos, tradicionais e modernos, do blues. Faleceu em 2001, aos 83 anos, na área da baía de San Francisco (+inf. aqui). Carlos Santana é o blues-rock latino em toda a sua vitalidade, passou do período hippie à actualidade refinando um virtuosismo apaziguador e contagiante (+ inf. aqui).
Quem quiser ouvir mais música de JLH além do Youtube e do Radioblog é só ir aqui; quanto a Santana é ir aqui. Estas escolhas são dedicadas à sr.ª ministra da Educação, que me pareceu muito cansada, na tv de ontem (dia feriado). E não fui o único a pensar isto, sinceramente.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Os símios amantes da arte e o gorila pragmático

Mantendo-nos numa toada lunar, aqui vão as hiperligações para alguma da melhor animação da actualidade, numa encomenda da Fondazione Città Italia aos criativos da Gordo.it para sensibilizar os cidadãos para o restauro de obras de arte.
Os simpáticos símios fazem parte do projecto GorilArt e estão unidos no combate às injúrias do tempo. São 3 os filmitos: Odisseia, Tarzan e Chita e King Kong.
The Tribe não entra bem nestas contas, é o 1.º ensaio desta produtora, mas é incontornável. É uma estória com 'moral' sobre o sentido da vida por um gorila pragmático, num pequeno filme fabuloso, uma ironia ao kubrickiano início do 2001. Em Itália, teve o acolhimento do público (350 mil espectadores em menos dum ano) e da crítica (FlashFestival di Torino 2003; CartoonClub di Rimini 2003; Annecy Festival 2004, este último é o prémio europeu mais valioso da área).
São, todos eles, simplesmente imperdíveis. E, ainda por cima, para todas as idades!
Quando virdes o primeiro já não ireis querer outra coisa... E é sempre a melhorar!
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